Devo admitir que após as leituras de O Teorema Katherine e Cidades de Papel, eu estava ficando um
tanto decepcionada com John Green e suas personagens femininas. Diferente da
nossa queridíssima Hazel Grace, de A
Culpa é das Estrelas, tanto Lindsey Lee Wells quanto Margo Roth
Spielgerman, apesar de suas singularidades não eram personagens muito
profundas. Digo, inclusive, que deixavam a desejar no quesito “interesse”,
afinal quem ganha realmente atenção nos respectivos livros são os rapazes sobre
quem a história é contada e suas aventuras. Quem
é você, Alasca? me intrigou desde o instante em que pus os olhos nele, o
título em si despertou muita atenção e imaginação, mas quando comecei a ler
sobre o magricela Miles em seu novo colégio interno me peguei colocando o livro
em “Mais um livro do John com uma garota igualmente sem graça e um cara louco
por ela.”, mas aos poucos somos apresentados à Alasca. Sim, a Alasca, uma
menina de nome incomum, fumante, pervertida, e incrivelmente animada. Por mais
que Alasca seja o completo aposto de Hazel, na minha concepção literária das
obras do John, eu consigo colocar as duas no mesmo patamar, pois ambas
conseguem ser tão apaixonantes que te fazem entrar de cabeça no livro. Bom,
então nós temos a intrigante Alasca, que como é contato no meio da história,
ela mesma escolheu seu nome, pois seus pais assim deixaram que fosse. Nós temos
o nosso narrador-protagonista Miles, que vai para um colégio interno no
Alabama, atrás do Grande Talvez de sua vida. Não podemos deixar de ressaltar
que Miles tem um hobby interessante, que é o de colecionar últimas palavras.
Sim, ele se lembra das palavras ditas por célebres personalidades no seu leito
de morte. Temos o Chip “Coronel” Martin, que é o companheiro de quarto de
Miles; Takumi, o amigo oriental, além da doce e tímida Lara, que se é a
namorada de mentirinha de Miles.
O mais intrigante do livro não é simplesmente a história
dos adolescente e suas descobertas da vida em si, mas as descobertas da vida
que o próprio leitor consegue fazem mediante as experiências enfrentadas pelos
personagens. Há indagações, aparentemente inocentes, que fazem insinuações de
problemas que muitas vezes nós nos recusamos a confrontar em nossas vidas. Uma
das frases ícones desses pequeno romance, são as últimas palavras de Simon
Bolívar, que nos é apresentada pela Alasca: “Como sairei deste labirinto?”. A
pergunta é questionada pelo livro inteiro, fazendo o leitor ter múltiplas
interpretações a respeito do que é de fato este labirinto. Do que Bolívar
queria sair? Alasca nos introduz a ideia de que o labirinto é o sofrimento, e
dando uma resposta a Bolívar, ela escreve que o meio de sair do labirinto é rápida e diretamente. Mas e se tivermos
outra conotação para o labirinto? E se o labirinto for a metáfora da própria
vida?
John Green foi surpreendente em Quem é você, Alasca?, pois no momento em que você se aventura em
busca de quem é a Alasca, você acaba se confrontando com você mesmo. Afinal,
quem somos nós? O “eu” é aquele você perto dos amigos, ou o verdadeiro “eu” é
aquele deitado no escuro do próprio quarto?
Além de tudo, o livro é emocionante, cativante, e
entusiástico. Dá a sede de continuar lendo, a aventura não declina e em momento
algum fica entediante, e vale a pena ser lido, não uma nem duas vezes, mas
várias. Assim como em A Culpa é das
Estrelas o enredo não é corriqueiro e o final acaba se tornando bastante
imprevisível, o que não deixa de ser uma das marcas do autor.
Abaixo segue a canção Somebody That I Used To Know que, particularmente, achei que tem tudo a ver com a narrativa do John e toda vez que escuto me faz lembrar da Alasca e do Miles... Além de ser uma ótima inspiração para futuras fanfictions ;)
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